quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não é fácil ficar de boa vontade com a ausência

Não existe escola pra isso. Ninguém jamais está preparado. O que somos capazes de fazer, na maior parte do tempo, na melhor das hipóteses, é disfarçar. Disfarça-se o desconforto, o aperto no peito, os olhares sem graça, as lágrimas iminentes, a falta do que dizer, o tanto que ainda não foi dito. Preenche-se o espaço que fica, já intuído, que restará no instante seguinte, ocupa-se o vão, o hiato, o abismo, com sorrisos, suspiros, uma olhadinha pro outro lado, Até daqui a pouco, Nos vemos em breve, A gente se escreve, Me liga, Dá notícias. Nada que convença, mas que foi feito pra isso, pra deixarmos ir. E a porta se fecha, o avião decola, o carro parte, os passos precisam ser dados. Entendemos. É a vida. Que segue. Nos vemos em breve. Mas não é fácil ficar de boa vontade com a ausência.

Por Manoela Sawitzk, num dia para refletir sobre a ausência publicado em http://vidabreve.com/